sexta-feira, junho 18, 2010



José Saramago, a humildade eterna do expoente máximo da nossa literatura.

Hoje, todos ficámos mais pobres, a literatura Mundial perde um dos seus maiores vultos, mas o seu legado perdurará através dos tempos, esse é eterno.

Tive o privilégio de com ele privar, por várias ocasiões, na minha terra natal, Montemor-o-Novo, onde no final dos anos setenta, escreveu a sua Obra Maior - "Levantado do Chão", como dizia Carlos do Carmo, "É aqui que nasce a grande escrita do Zé", obra editada em 1982.

A sua frontalidade, rectidão, coerência, sentido de justiça e humildade suprema, foram algumas das qualidades que mais me marcaram na personagem do expoente máximo da nossa literatura.

Deixo aqui a minha singela homenagem ao escritor da Azinhaga Ribatejana, homem do povo, que nunca vergou nem perante o fascismo, amigo José Saramago, até sempre Camarada!

Foto - A penúltima vez que estive com Zé em Montemor-o-Novo, a 16 de Abril de 2004, quando do lançamento do seu Best Seller "O Ensaio sobre a lucidez"

Alexandre Júlio - Montemor-o-Novo

quarta-feira, junho 02, 2010

V PASSEIO CAMPESTRE EM MONTEMOR-O-NOVO - CORTIÇADAS DO LAVRE

PASSEIO EM TORNO DA CORTIÇA, CARVÃO E MOINHOS DE VENTO!

CORTIÇADAS DO LAVRE - MONTEMOR-O-NOVO



Caros Amigos,

Mais uma vez disfrutamos da rara beleza do nosso Alentejo, no trilho de actividades outrora comuns e que hoje somente povoam as nossas memórias e outras tendem a desaparecer.





Nem o mau feitio do S.Pedro que nos regou todo o dia, nos fez arredar pé neste dia á descoberta das voltas da Cortiça, dos fornos de carvão e dos moinhos de vento.
Acorreram ao convite mais de quatro dezenas de amantes da natureza e do nosso Alentejo, para descobrir mais alguns dos seus segredos e maravilhas.






A visita á Fábrica da Cortiça da Empresa RELVAS, SA, foi bastante interessante, onde fomos amavelmente recebidos pelo seu encarregado .
Ficamos a conhecer as voltas que a cortiça dá, até chegar ás nossas mesas a proteger os vinhos de excelência, os champanhes, "Möet Chandon" e outros requintes que gozam do privilégio de ter a cortiça por companheira.





Esta fábrica dá-se ao luxo de, pelo o terceiro ano consecutivo, arrebatar o primeiro lugar internacional, neste tipo de rolhas de Cortiça, é obra!





Conhecemos ainda a eficiência energética da fábrica, através da reutilização do pó da cortiça para o aquecimento da água nas caldeiras para a laboração, e ainda conhecer a utilização de um sem numero de outros subprodutos da actividade, permitindo que tudo ali seja aproveitado, sem gerar qualquer desperdício.















Ao longo do percurso a magnífica paisagem rural e as suas personagens, deslumbravam-nos, como se estivéssemos perante telas dos melhores Naturalistas do Séc. passado.







A calorosa recepção nos Fornos de Carvão da Sr.ª Filipa Páscoa, foi outro ponto alto do nosso passeio. Depois de caminharmos cerca de 3km pelos trilhos do Montado, tinhamos á nossa espera uma suculenta entremeada e febras, assadas no carvão de sobro saído dos fornos ainda quentes.



O convívio ao almoço foi divinal, onde cada um partilhou as suas iguarias com os demais, onde nem se notou que alguns se esqueceram do farnel, havia comida para mais 2 ou 3 dias. No final veio o Poejo da tia "Estina", acompanhado do bolo de noz e mel, que fez as delícias dos presentes.







Depois chegaram as palavras sábias da Sr.ª Filipa Páscoa, que nos falou do ciclo da lenha até chegar ao nosso churrasco, quantas voltas não dá, ela e o seu marido fizeram uma demonstração de como se tirava cortiça "á bóia" ou "á falca" e agora como foi mecanizada essa operação, reduzindo imensamente o esforço fisico e aumentando várias vezes o rendimento do trabalho de um tirador.



Depois mostrou-nos a técnica de arrumação da lenha dentro do forno, e demais operações por que passa a lenha, até produzir o excelente carvão, que chega aos churrascos dos restaurantes mais exigentes.





Os mais foitos quiseram experimentar, e digo-vos não se safaram nada mal, a Sr.ª Filipa já está a equacionar recrutá-las, para a sua equipa.









Depois de passar junto dos moinhos de vento, com tanta chuva, fomos forçados a acolhermo-nos no restaurante o Chaparral, para ouvir uma palestra sobre Molinologia pelo amigo José Matias, que a todos encantou.





Apesar do estado avançado de degradação dos moinhos, o especialista em Moinhos presenteou-nos com a reconstrução dos moinhos em imagem gráfica, tal qual como era há um Séc. atrás, quando esta actividade tinha um lugar de destaque, no quotidiano das populações rurais onde levavam o trigo, para trocar por farinha, para fazer a cozedura de pão semanal, para matar a fome a tantas bocas famintas, em cada família.





Depois foi a vez de se desvendar o segredo do lanche surpresa, "Tubaras com ovos" esta iguaria local só ao alcance de alguns fez a delicias dos participantes, bem regadas com o nectar tinto da Amoreira da Torre, hummmm, foi comer e chorar por mais, depois o licor de Mirtilo encerrou com chave de ouro, valeu!!!!



Ficámos todos mais ricos, ao conhecer e partilhar com os actores locais, esta sapiência impar, de algumas actividades que tendem a desaparecer do nosso quotidiano.



Os meus agradecimentos a todos quantos tornaram possível mais esta partilha com o nosso querido Alentejo, á Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, á Freguesia de Cortiçadas do Lavre, na pessoa do seu Presidente, pelo apoio logístico e patrocínio do lanche, á administração da Fábrica RELVAS, SA e ao seu encarregado, á Sílvia do restaurante o Chaparral, á família Páscoa proprietária dos moinhos de vento, ao molinologista José Matias pela lição que nos deu sobre o funcionamento e a importância que tiveram os moinhos até meados do sec. passado, e ao meu amigo Eduardo Raposo dirigente do CEDA, pela persistência em pôr de pé comigo esta iniciativa, a todos o meu sincero agradecimento!



A todos os participantes, bem hajam, e parabéns pela vossa preserverância em não arredarem pé, mesmo quando o tempo nos regou com mais intensidade.